Descrição Extrínseca
“O cartão do SUS. Esse cartão do SUS foi tirado em São Paulo. Entendeu? Você pode ver que ele é de São Paulo. Demétrio tirou já com o nome social dele. Foi logo assim. Não sei se vocês lembram que foi feita a inclusão do nome social no CPF, no cartão do SUS. Entendeu? Foi feito isso. O Demétrio foi lá e tirou o cartão do SUS dele. Acrescentou o nome social no CPF. E também foi no... Aquele cartão que você usa no metrô. Qual o nome daquilo? [...] Bilhete Único, isso. Bilhete Único. Isso. Entendeu? Foi o documento que ele conseguiu incluir o nome social. Entendeu? Ele tava preparando para fazer uma mastectomia e retificar. [...] Pode colocar o primeiro direito, o segundo direito como cidadão transmasculino dentro do Brasil. [...] Segundo direito, né? Porque o segundo direito adquirido por Demétrio como cidadão. No Brasil. [...] Isso, transmasculino no Brasil. Porque o primeiro direito dele foi o nome social no CPF. Eu lembro disso que ele colocou. Ele ficou todo bobo. Não sei se você lembra, quando o governo foi e autorizou a receita federal, esse processo. Hoje as coisas mudou bastante, né? Você pode mudar a identidade, tudo. Mas eu lembro que todo mundo ficou muito feliz com a inclusão do nome social no CPF. [...] foi feito em São Paulo. Eu lembro que Demétrio fez isso em São Paulo. [...] Demétrio não chegou a retificar o nome. Demétrio incluiu os nomes sociais nos documentos. Entendeu? Porque o processo de retificação mesmo não acontecia. Veio acontecer de uns três, quatro anos pra cá, né? Que as pessoas foram e fez os direitos, no caso, respeitados, né? Entendeu? Inclusive, um dos núcleos que mais retificou pessoas foi o no Diversa, no Rio de Janeiro. [...] Eu acho que foi no ano de 2018, porque ele tava tentando, fazendo toda a documentação pra ele fazer a mastectomia, entendeu? Eu tenho esse papel aqui em casa, ontem até botei no envelope dele. Entendeu? Eu tenho os laudos de estudo que ele tava capacitado, o laudo psicológico. [...] Isso, aproximadamente 2018. Hoje, pra fazer a mastectomia, né, você não precisa de laudo psicológico, não é psiquiátrico, né? Antes precisava, né? [...] Ele usava, pra ir no médico, ele usou pra tudo esse cartão do SUS. [...] O CPF foi o primeiro direito. [...]Foi por isso que eu mandei, entendeu? Porque era algo importante pra ele. [...] O CPF foi aqui, foi na Receita Federal. [...] Foi no Receita Federal. Eu lembro que foi em Cabo Frio. Ele foi lá e foi um brigueiro danado, porque o pessoal daqui não conhecia, não sabia que tinha esse direito, entendeu? [...] Aí ele falou “Não, eu quero imprimir o meu nome social no CPF.” Aí foi um... Vai e fizeram.” (Ivoni Campos, Acervos Transcestrais, 2024)
