Descrição Extrínseca
“Eu com a é... dá tá pequenininho mas tá dando pra ver. A Lena… [...] Lena Oxa, ela é uma mulher trans, é uma mulher trans, não operada, mas é uma mulher né, é... ela é do Ceará mas ela veio para Salvador e ela revolucionou aqui, viu. Ela começou primeiro como estilista… [...] ela começou aqui traba... aqui em Salvador trabalhando como estilista, ahn, numa loja de tecidos e daí começou também a fazer performance e foi, foi... crescendo como pessoa com a imagem dela artística e aí foi… [...]Evoluindo aí… [...] É, só que ela voltou de novo para o Ceará e tá lá. [...] Tá no Ceará… [...] Muito boa. [...] eu diria o que meu deus, a vampira que ficou o final de semana na ilha. tomando sol, porque vampiro não toma sol não gosta de sol e eu fiquei aí parecendo uma vampira tomando o frescor da ilha de Itaparica. [...] Toda… toda... de preto, com essa cara branca que eu tô vendo aqui, que não é preciso nem, eu to vendo pequenininha a foto mas eu já tô visualizando aqui, que essa foto [...] essa foto aí, era... era de um evento que acontecia todo ano, era se não me engano, depois do carnaval, se eu não estiver enganada, depois do carnaval. [...] E era através de um, de uma pessoa chamada Saputi, ele já é falecido mas, era uma pessoa que trazia, é... trazia não, vinha aqui para Salvador pegava os artistas levava lá pra Itaparica e nós fazíamos show, sexta, sábado e domingo. Pense aí três noites, essa... a praça João da Botas, lotada pra ver, entendeu esse. o meu show, da Lena... ver o show de Bagagerry, menino era uma coisa de louco, muitos... muitas pessoas lá que, é empresários que chegavam lá pra... presenteava a gente... Então o período que a gente fazia show ali é... a gente saia assim altamente recompensada. [...] Não só, não só pela questão financeira, mas pela questão das amizades boas, entendeu. Que dizia assim olha se você precisar de alguma não se acanha ligue pra gente, procure a gente aqui, então isso tudo que a gente é... teve ao longo de alguns anos de espetáculo que a gente fazia lá foi muito bom, muito importante mesmo e infelizmente não ocorre mais, né, devido ao falecimento mas fica esse registro, porque foi algo assim maravilhoso Itaparica nunca viu algo tão é... sabe de um... de uma grandeza e de um respeito porque as pessoas que iam para lá fazer show levava realmente a... a alma do artista, passa aquilo a li, a emoção. é as pessoas depois vinham tirar foto pedir autógrafo, quer dizer é nos colocavam no maior.. num pedestal sabe, e era aquela coisa assim de proteção mesmo, num tinha, nunca teve um momento assim de agressão de nada do tipo, era muito bom mesmo. foi um dos momento assim que eu passei e essa foto me remete assim lá, pra Itaparica rapidamente, porque foi muito bom, muito bom. [...] Olha era assim, eram três noites, sendo que nessas três noites tinha concurso da da da ilha mesmo né, que era o concurso o Beleza Gay, né, tinha o Beleza Black e o Beleza Mirim, então no domingo tinha o Beleza Mirim porque era um horário mais cômodo né, justamente por causa da idade da... né de quem estava participando mas era assim, todo ano era isso, praça cheia as pessoas dali mesmo da comunidade viu, não tinha... não tinha nada assim que que faltasse que a gente dissesse ai ta faltando, não. Tudo se encaixava tudo perfeito, incrível, muito incrível aquilo ali. [...] ela começou como estilista né, ela era uma pessoa que até então ninguém ainda tinha noção... era uma pessoa muito tranquila e aos poucos quando ela começou a evoluir nos palcos fazendo show né, que ela tem um corpo maravilhoso né, então aquilo ali deslumbrava ,quem nunca viu né que quando ela se apresentava e todo ano ela era chamada na ilha pra fazer show lá, para se apresentar. [...] é maravilhosa, muito ave maria, Lena é um amor de pessoa [...] E mas esses registros eu não sei se os familiares da Saputi é.. já descartaram deram, fizeram alguma coisa assim do tipo, mas só indo lá ou tentando entrar em contato com eles, com elas lá pra saber se tem ainda alguma coisa é referente a esse, esses eventos que... acredito que ainda tenha viu. [...] Eu acredito que ainda tenha porque isso ficou, isso marcou a ilha de Itaparica, todo ano… [...] é Saputi é... o no... é... só, chegar. Chegar na ilha, chegar em Itaparica na praça João das Botas procure o é... onde é que... onde é que acontecia os concursos e quem organizava era Saputi, pronto. Todo mundo levava, leva você na porta da… da… dos familiares. [...] É porque Saputi era uma pessoa super, hiper, mega conhecida lá na ilha. [...] Até, é.. até quando a gente descia da ilha, desembarcava o pessoal já perguntava: vai para Saputi, é?! [...] mas é… era um, um ser humano com um coração, uma alma, ave maria… muito… [...] E infelizmente né, teve essa fatalidade mas fica o, a saudade e ele também deixou esse legado né, que é esses concursos que imortalizou tanto a ele, quanto a ilha. [...] eu já lembrei logo de onde.. da ilha, já começou a passar uns momentos aqui. [...] bem hoje em dia a gente tira foto através do celular né imagine uma foto dessa com a câmera já ainda não totalmente avançada, mas que deu um nitidez tão... boa né, na imagem e isso é maravilhoso. [...] tiraram e me deram uma cópia. [...] Na verdade, quem me deu essa cópia foi a própria Lena. [...] Foi ela que me deu essa, essa foto. [...] Não, dois mil e dez não... dois mil e dez, não foi mil... eu sei que tem mais ou menos uns vinte anos essa foto... essa foto é de mais ou menos vinte anos. [...] Tem aproximadamente vinte anos. [...] Isso porque… a cada, a cada ano ele, ele era, era como é foto, coisa diferente, show diferente que ele queria e aí a gente tinha que tá se como é… [...] Já via, e aí pronto era...era de imagem. [...] Eu tô dizendo é... a cada ano a gente fazia uma coisa diferente lá, né que ele sempre… ele vinha antes, antes de tudo acontecer… [...] Pra buscar o pessoal, organizar a turma pra poder levar pra lá pra ilha. [...] E de registro... isso aí foi algo que marcou Itaparica [...] Esses eventos que aconteciam ... [...] da forma como uma pessoa organizava tudo isso e que era algo que nos trazia como eu te falei, não só a questão dos valores, mas sim das pessoas...” (Fabiane Galvão, Arquivo Vivo, 2022)
