Descrição Extrínseca

“[...] eu lembro da reportagem Atras lança Jornal escrito por travestis, então, nesse período a gente já tinha a organização constituída, que foi em noventa e cinco, e a ideia desse jornal criado pela Atras, foi justamente pra gente se comunicar com a população de travestis. Porque é… era uma população de difícil acesso, continua sendo ainda hoje, e nós acreditávamos que ter um material que fosse feito por travestis, pensado por nós, para dialogar com essas travestis contando histórias nossas, coisas daqui de Salvador, e… mostrando fotografias de atividades, a gente poderia trazer mais é… pessoas para essa frente, pra essa instituição que tinha acabado de ser fundada que era a Atras. E era tão importante é… o lançamento de materiais como este, que deu notícias né, deu notícia na Folha da Bahia, a gente deu nesse jornal aí, eles publicavam bastante quando aconteciam essas coisas, porque não era muito comum ter nesse período né, as travestis se organizando para publicar materiais. [...] a Atras noventa e cinco, a Atras já nasce de fato por uma movimentação da Antra. A Antra faz o encontro nacional em noventa e três, que é o primeiro encontro, em noventa e quatro ela realiza o segundo, em noventa e cinco o terceiro e no ano de noventa e seis o quarto e em noventa e cinco, a gente funda a Atras aqui em Salvador. Eu já estou no GGB desde noventa e um, em noventa e cinco, quatro anos depois, a gente funda a Atras e no ano seguinte em noventa e seis eu vou para o Rio de Janeiro participar do quarto encontro que é Entlaids, organizado pelo Grupo Astral. Na verdade esse jornal não era escrito por travestis, o GGB ajudava bastante, então como a Atras funcionava na sede do GGB, o corpo técnico do GGB ajudava bastante a gente. Mas era idealizado por nós né, era idealizado por nós, as matérias a gente tava sempre opinando no que ia sair, mas não tinha assim, redação e diagramação não era nossa, era o pessoal do GGB. [...] esse material ele era arquivado no GGB, e alguns eu trazia para mim, era material de arquivo do GGB [...] a gente sempre tinha o cuidado de deixar a data exata lá.” (Keila Simpson, Arquivo Vivo, 2022)