Descrição Extrínseca
“Essa é a edição Tulipa da região Sul. Essa é a mesma questão do Tulipa, a gente estava rodando estados e municípios e cidades, agora dificilmente eu vou identificar alguém aqui nessa foto [...] Mas era um encontro na cidade de Curitiba nós fomos para Curitiba fazer o mesmo que havíamos feito em, em Vitória na região sudeste, agora estávamos na região Sul, e essa era uma foto das oficinas do projeto, que tinha a mesma id... o mesmo objetivo do Tulipa era esse, formar lideranças por todo o Brasil. E essa era uma oficina, se não me falha a memória é eu estava lá nesse evento também e essa era uma moça da Secretaria Estadual ou Municipal de Saúde falando de dados epidemiológicos. Então Luana que está aqui na... na reportagem ela era coordenadora, a Liliane Anderson era coordenadora do Tulipa sudeste.... sudeste, Luana Catroffi é coordenadora do Tulipa Sul. A Liliane Anderson ela tá morando no interior do.. de Minas, ela estava no Espirito Santo, ela voltou para BH agora para fazer uma... o lançamento do livro do Marco Aurélio do..do.. um livro que eu até ajudei também a... na constituição dele. Ela... ela...ela, era então naquele tempo acho eu que era... era a pedagogia, ali eu chamo pedagogia do confronto. A gente precisava confrontar de fato com o... com o corpo de pesquisadores e de médicos porque senão eles não iriam entender nunca as nossas reivindicações, tinha sempre um po.. porém um por menor, e a Lili durante muito tempo ela foi assim decisiva, era muito... é.. é forte a sua.. a sua defesa às vezes também eu acho ali, é porque faltava retórica. Quando falta retórica eu vou diretamente pro confronto, direto. Mas que funcionou, funcionou de fato para a gente chegar aqui hoje. Ela.. hoje ela tá bem mais tranquila, tá numa... numa fase bem mais é.. é.. não tranquilo no sentido assim de ter tranquilizado, ela continua com as mesmas convicções né, de impor quando a gente reivindica, na verdade todas nós, mas a gente está a aprendendo a fazer a.. a busca e a construção de política de uma forma diferente, muito mais convencendo pelo argumento do que pela própria força mais enérgica do discurso. Ela se orgulha muito bem de ser assim...Do jeito que ela é, porque como ela foi formada assim, na verdade um grande parte das meninas foram formadas dessa forma...elas vieram dessa forma...elas eram muito da...da pedagogia do confronto quando elas chegaram, eu também já fui da pedagogia do confronto, claro. Mas agora é..é.. eu compreendo que hoje a gente tem muito mais... muita possibilidade de é... de diálogo de assimilar as nossas reivindicações...Quando a gente de fato tem o domínio daquilo, não que é… as meninas não tivessem o domínio mas quando a gente consegue de fato compreender como é que o outro vai receber a minha demanda, né. Como é que eu vou passar a minha demanda, como é que a minha demanda ela não vai ficar dissolvida por conta de alguma atitude mais intempestiva que eu tenha tomado. E aí nesse tempo era muito isso, a atitude intempestiva poderia impedir a criação de uma política que era tão importante que refletiria no coletivo, né. Então as pessoas dialogavam muito mais com aquela individualidade da pessoa que estava ali reivindicando sem entender o contexto de onde ela veio, da forma que ela sabia falar, da forma que ela reagia...porque muitas de nós quando fazia isso era pela própria reação do cistema. A gente não sabia se comportar ou falar bonito como as pessoas geralmente nesses espaços eram acostumados a ouvir, a gente só sabia fazer o confronto direto que era a reação. Para as é.. é.. para as dificuldades que a gente enfrentava, e aí levava isso para a mesa do debate e do diálogo. Mas isso funcionou de uma certa forma foi muito... foi importante. Hoje a gente já não tem mais isso muito não, pode ser que em algum outro contexto apareçam, é sempre preciso ter isso em mente, que elas podem aparecer, mas que essa nossa reação mais intempestiva, mais forte, mais carregada no tom da voz, era esse confronto que a gente sentia nas nossas costas quando nos eram negados direitos. E quando a gente queria reivindicar a gente também usava desses mesmos atributos para conquistá-los.” (Keila Simpson, Arquivo Vivo, 2022)
