Documento
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MUTHA.AH.AD.AT.TC.2024
Identificação e Características do Objeto
Acervo
Acervos Transcestrais
Número de Tombo
106
Número de Registro
MUTHA.AH.AD.AT.TC.2024.0106
Objeto
Vídeo
Título
Cúpula da Corpolítica
Autoria
Maria Léo Araruna: “Eu acho que fui eu, mesmo” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024).
Identidade e Subjetivação
Descrição Intrínseca
“O vídeo foi feito numa das, num bar da Asa Norte, numa das, esse bar fica numa das quadras mais diferentonas, assim, que tem na Asa Norte. [...] Esse vídeo é muito importante, porque foi o último dia que eu vi a Taya com vida, foi nesse dia. E foi um dia muito doido, porque a Corpolítica era uma coletiva LGBTQIA+, que todas essas pessoas que estavam ali formaram, incluindo outras que também não estavam ali nesse vídeo, que não puderam ir pra esse encontro. É... E essa coletiva foi muito importante para a gente, porque foi dentro dessa coletiva que eu e a Taya e a Lua transicionamos, e a gente transicionou juntas. Foi dentro desse coletivo que a gente fez, que a gente construiu a nossa amizade, que a gente construiu as nossas experiências de gênero. Foi graças a essa coletiva em que a gente discutia vários assuntos voltados aos direitos humanos de pessoas LGBT, que a gente treinou a nossa arte, que a gente treinou a nossa oratória, que a gente treinou a nossa intelectualidade, que a gente treinou a nossa
escrita. E que a gente construiu uma família, e era uma coletiva bem diversa. Tinha pessoas provenientes de várias regiões do Distrito Federal, pessoas de vários gêneros, de várias identidades, de várias raças. E aí essa coletiva acabou depois de uns anos. Uma das pessoas que estavam nesse coletivo é a Mariá. A Mariá é uma amiga nossa, amiga da Taya também. E ela viajou para a Argentina, e aí ela voltou para Brasília, passar uns dias aqui. E queria apresentar a namorada nova dela, que é da Argentina. E aí a gente combinou esse bar. E aí eu falei pra ela, ela começou a chamar várias pessoas, que ela era mais próxima da Corpolítica, algumas meninas. E eu falei pra ela, “Ah, eu posso chamar a Lua e a Taya?” Justamente porque a Lua e a Taya tavam meio brigadas nessa época. Por causa da questão da casa, que elas moravam juntas. E aí eu pensava, “Vamos botar as duas no mesmo ambiente.”. E aí a gente foi, e aí teve esse bar, e a Taya foi. A Lua e a Taya não conseguiram conversar muito nesse dia, mas elas tavam ali no mesmo espaço. E tinha muita gente da Corpolítica. Então era um momento de relembrar tudo que a gente fez, de
tudo que a gente construiu. Era um momento de comemorar quem a gente é hoje, graças a esse espaço, essa coletividade que a gente criou. Esse movimento social que a gente criou. Era um momento... Era um momento da gente se sentir em casa de novo. Mesmo a gente acabando adentrando uma trajetória mais individual, né? Cada pessoa. Seguindo o seu sonho, seguindo os seus caminhos, cada uma de nós. Então foi um momento de resgatar isso. E aí, no final, a gente ia pra um outro lugar. Depois que todo mundo bebeu e tal. Eu lembro que eu tava com um shortinho bem curto. E a gente foi tirar uma foto, e a Taya até mexeu comigo. “Nossa, Maria Leo, esse shortinho, eita, não sei o que...” Ela brincou comigo assim, eu lembro disso. E... A Taya adorava drinks, ela sempre tava bebendo drinks. E ela tava bebendo drink nesse vídeo também. E aí ela não quis ir pra esse outro lugar que a gente ia. Na verdade, eu ia dar carona pra Mariá e pra namorada dela, até a casa dela. E aí a Taya já falou que ia embora e tal. E ela ia pedir um Uber. E aí o pessoal já foi entrando no carro e tal. E aí eu esperei ela ali pedir o Uber, na frente desse bar, junto com o meu namorado. E aí o Uber dela chegou, a gente se despediu, e ela foi embora. E foi a última vez que eu a vi com vida. Então foi bem marcante, assim, esse vídeo, esse dia, essa noite, na verdade. Porque eu e ela, a gente tava junta num lugar, num espaço com pessoas em que a gente viveu um dos melhores momentos da nossa vida. Em que a gente descobriu a nossa identidade. Em que a gente se compreendeu enquanto pessoas trans. Em que era um momento importante pra nossa amizade. Em que a gente realmente fortaleceu a nossa amizade ali. E também foi por causa de ser a última lembrança que eu tenho delas. [...] Queria dizer que a gente sentou cada uma numa ponta oposta à outra, tanto que ela é a pessoa que está de frente no vídeo, a minha ali. E que se eu soubesse que ali seria a última vez que eu veria ela, eu teria sentado perto dela. Acho que só isso mesmo. (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Dimensões
478 x 850 pixels
Material
Digital
Procedência
Brasília, DF
Tipo de Aquisição
Doação
Pessoa ex-proprietária
Maria Léo Araruna
Data de Aquisição
janeiro 1, 2025
Estado de Conservação
Bom
Classificação Etária
Livre
Informações Contextuais
Descrição Extrínseca
“O vídeo foi feito numa das, num bar da Asa Norte, numa das, esse bar fica numa das quadras mais diferentonas, assim, que tem na Asa Norte. [...] Esse vídeo é muito importante, porque foi o último dia que eu vi a Taya com vida, foi nesse dia. E foi um dia muito doido, porque a Corpolítica era uma coletiva LGBTQIA+, que todas essas pessoas que estavam ali formaram, incluindo outras que também não estavam ali nesse vídeo, que não puderam ir pra esse encontro. É... E essa coletiva foi muito importante para a gente, porque foi dentro dessa coletiva que eu e a Taya e a Lua transicionamos, e a gente transicionou juntas. Foi dentro desse coletivo que a gente fez, que a gente construiu a nossa amizade, que a gente construiu as nossas experiências de gênero. Foi graças a essa coletiva em que a gente discutia vários assuntos voltados aos direitos humanos de pessoas LGBT, que a gente treinou a nossa arte, que a gente treinou a nossa oratória, que a gente treinou a nossa intelectualidade, que a gente treinou a nossa
escrita. E que a gente construiu uma família, e era uma coletiva bem diversa. Tinha pessoas provenientes de várias regiões do Distrito Federal, pessoas de vários gêneros, de várias identidades, de várias raças. E aí essa coletiva acabou depois de uns anos. Uma das pessoas que estavam nesse coletivo é a Mariá. A Mariá é uma amiga nossa, amiga da Taya também. E ela viajou para a Argentina, e aí ela voltou para Brasília, passar uns dias aqui. E queria apresentar a namorada nova dela, que é da Argentina. E aí a gente combinou esse bar. E aí eu falei pra ela, ela começou a chamar várias pessoas, que ela era mais próxima da Corpolítica, algumas meninas. E eu falei pra ela, “Ah, eu posso chamar a Lua e a Taya?” Justamente porque a Lua e a Taya tavam meio brigadas nessa época. Por causa da questão da casa, que elas moravam juntas. E aí eu pensava, “Vamos botar as duas no mesmo ambiente.”. E aí a gente foi, e aí teve esse bar, e a Taya foi. A Lua e a Taya não conseguiram conversar muito nesse dia, mas elas tavam ali no mesmo espaço. E tinha muita gente da Corpolítica. Então era um momento de relembrar tudo que a gente fez, de
tudo que a gente construiu. Era um momento de comemorar quem a gente é hoje, graças a esse espaço, essa coletividade que a gente criou. Esse movimento social que a gente criou. Era um momento... Era um momento da gente se sentir em casa de novo. Mesmo a gente acabando adentrando uma trajetória mais individual, né? Cada pessoa. Seguindo o seu sonho, seguindo os seus caminhos, cada uma de nós. Então foi um momento de resgatar isso. E aí, no final, a gente ia pra um outro lugar. Depois que todo mundo bebeu e tal. Eu lembro que eu tava com um shortinho bem curto. E a gente foi tirar uma foto, e a Taya até mexeu comigo. “Nossa, Maria Leo, esse shortinho, eita, não sei o que...” Ela brincou comigo assim, eu lembro disso. E... A Taya adorava drinks, ela sempre tava bebendo drinks. E ela tava bebendo drink nesse vídeo também. E aí ela não quis ir pra esse outro lugar que a gente ia. Na verdade, eu ia dar carona pra Mariá e pra namorada dela, até a casa dela. E aí a Taya já falou que ia embora e tal. E ela ia pedir um Uber. E aí o pessoal já foi entrando no carro e tal. E aí eu esperei ela ali pedir o Uber, na frente desse bar, junto com o meu namorado. E aí o Uber dela chegou, a gente se despediu, e ela foi embora. E foi a última vez que eu a vi com vida. Então foi bem marcante, assim, esse vídeo, esse dia, essa noite, na verdade. Porque eu e ela, a gente tava junta num lugar, num espaço com pessoas em que a gente viveu um dos melhores momentos da nossa vida. Em que a gente descobriu a nossa identidade. Em que a gente se compreendeu enquanto pessoas trans. Em que era um momento importante pra nossa amizade. Em que a gente realmente fortaleceu a nossa amizade ali. E também foi por causa de ser a última lembrança que eu tenho delas. [...] Queria dizer que a gente sentou cada uma numa ponta oposta à outra, tanto que ela é a pessoa que está de frente no vídeo, a minha ali. E que se eu soubesse que ali seria a última vez que eu veria ela, eu teria sentado perto dela. Acho que só isso mesmo. (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Período: Maio de 2023. “Eu acho que foi em abril de 2023. Por quê? Porque a Taya morreu em julho, né? Eu acho que foi... não, não foi em abril. Foi em maio. Foi em maio.” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Período
Maio de 2023. “Eu acho que foi em abril de 2023. Por quê? Porque a Taya morreu em julho, né? Eu acho que foi... não, não foi em abril. Foi em maio. Foi em maio.” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Referências Bibliográficas
Não
Exposições
Não
Publicações
Não
Pesquisas
Pesquisa realizada pelo Museu Transgênero de História e Arte - Mutha para a construção das coleções pertencentes ao eixo temático Acervos Transcestrais, contemplada por meio do edital Funarte Retomada Ações Continuadas - Espaços Artísticos 2023.
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Registrado por
Ian Habib | Mayara Lacal | Beatriz Falleiros
Data de Registro
fevereiro 27, 2025