Descrição Extrínseca
“Eu lembrei aqui, que foi um momento muito importante, e demonstra bastante a grandiosidade da Taya, assim. Pro movimento trans de Brasília. Porque em 2018, a OMS despatologizou as identidades trans. De certa forma, porque a gente não foi mais considerado transtorno mental dentro do CID, né? [...] A gente foi pra um outro capítulo, mudou vários termos pra incongruência de gênero e tudo. E tava tendo muitos debates internacionais sobre essa temática. E a Taya, aqui em Brasília, encabeçou essa luta pela despatologização através da ULTRA, que eu comentei com você, pra que várias instituições, vários órgãos públicos e autarquias, enfim, pudessem participar desse debate e pudessem somar nessa luta que tinha um espectro bem amplo, né? Global, assim. E aí, esse debate aconteceu dentro da OAB, e tiveram vários convidados, como o Conselho Federal de Psicologia, o Conselho Federal de Medicina, a própria OAB, tinha alguns representantes da ONU, também. Eu não me lembro de todos os agentes que estavam lá. Tinha o Movimento Social também. [...] A ANTRA, acho que não. [estava]. [...] Era uma coisa mais voltada, mais focada em Brasília, assim mesmo. Era um pessoal mais aqui de Brasília. E… E aí tiveram muitas discussões, assim, sobre como isso foi antes da OMS fazer esse processo de despatologização. Foi antes. Então, foi muito um debate pra se pensar mesmo como as identidades trans poderiam ainda acessar o sistema de saúde, mas sem serem patologizadas, como poderiam trazer mais dignidade pra elas, como essas organizações, essas instituições pensam as identidades trans dentro do seu campo jurídico, da medicina, da psicologia e tudo. E… E isso tudo foi muito encabeçado pela ANTRA, e a Taya fez também uns panfletos e umas artes dos panfletos, como ela era design, e ficaram muito lindas. Eu até tentei mandar pra vocês também as fotos dessas artes que ela fez. Até acho que pode ser algo que eu possa acrescentar. [...] Porque trazia esse debate. E foi um momento importante pro movimento trans de Brasília e também, como a gente tá aqui na capital do país, de forma nacional, pra somar nesse debate. E ela sempre foi uma pessoa muito antenada, porque ela tinha muitos contatos, então ela já trabalhou na ONU, então ela já tinha muito essa noção internacional do que a gente precisava debater, do que tava no fronte das nossas demandas. Então ela ajudou muito a construir esse dia pra acontecer essa discussão. E o IBRAT também tava, eu lembro. O IBRAT ajudou também, acho que dá pra colocar nas referências bibliográficas. E nesse panfleto tem as organizações que ajudaram a fazer esse evento acontecer. E eu não participei muito ativamente desse processo pra construção desse dia, mas eu lembro que a Lua ajudou bastante a Taya, principalmente, e a [Ana Tully] também.” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
