Coleção
Taya Carneiro
Item
Desse temporal quero sair molhada “É uma música da Cassiane, que eu e a Taya ficamos enlouquecidos. […] Foi. E aí eu saí de lá completamente apaixonada por essas pessoas, assim. Sobretudo por… A Mara eu já conheci pessoalmente, Magô também e Maria. As outras pessoas, não. A Taya, especificamente, eu conheci na internet, mas a gente não tinha muito diálogo. E a gente se aproximou muito lá, a gente ficava andando de cima pra baixo. Então foi nesse momento que a Taya falou “Vamos combinar, né, amiga, que a gente tem o mesmo nome.” Porque olhávamos as duas. Eu lembro que teve um after de um… de um dos dias, assim, um cultural do Desfazendo, que era assim que saía da universidade, você já tinha festa. A gente… A gente dançando e falando como era erótica. Primeiro a gente fazendo corre de padê, assim, fazendo corre de pó pra cheirar nessa festa. Eu lembro de… E eu lembro, amiga, eu consegui! E eu entregando pra ela pra gente cheirar junta. E aí foi quando eu pedi o beijo a ela, ela falou, “Desculpa, eu namoro.”. E aí… Eu lembro da gente dançando Cassiane, 500 Graus de Puro Fogo e Santo Poder, porque nessa chuva eu quero sair molhada. É… Essa festa foi um dia que eu tava muito feliz. E eu lembro especialmente… Eu tinha muito crush nela e muito crush no Bernardo. O Bernardo me dava mole, mas eu achava que era muita areia pro meu caminhãozinho. E eu não conseguia dar conta. Tal como foi com o Ian em 2000 e uns anos depois do Desfazendo.” (Caia Maria Coelho, Acervos Transcestrais, 2024)
Identificação e Características do Objeto
Miniatura

Acervo
Acervos Transcestrais
Número de Tombo
128
Número de Registro
MUTHA.AH.AD.AT.TC.2024.0128
Objeto
Fotografia Digital
Título
Desse temporal quero sair molhada “É uma música da Cassiane, que eu e a Taya ficamos enlouquecidos. [...] Foi. E aí eu saí de lá completamente apaixonada por essas pessoas, assim. Sobretudo por... A Mara eu já conheci pessoalmente, Magô também e Maria. As outras pessoas, não. A Taya, especificamente, eu conheci na internet, mas a gente não tinha muito diálogo. E a gente se aproximou muito lá, a gente ficava andando de cima pra baixo. Então foi nesse momento que a Taya falou “Vamos combinar, né, amiga, que a gente tem o mesmo nome.” Porque olhávamos as duas. Eu lembro que teve um after de um... de um dos dias, assim, um cultural do Desfazendo, que era assim que saía da universidade, você já tinha festa. A gente... A gente dançando e falando como era erótica. Primeiro a gente fazendo corre de padê, assim, fazendo corre de pó pra cheirar nessa festa. Eu lembro de... E eu lembro, amiga, eu consegui! E eu entregando pra ela pra gente cheirar junta. E aí foi quando eu pedi o beijo a ela, ela falou, “Desculpa, eu namoro.”. E aí... Eu lembro da gente dançando Cassiane, 500 Graus de Puro Fogo e Santo Poder, porque nessa chuva eu quero sair molhada. É... Essa festa foi um dia que eu tava muito feliz. E eu lembro especialmente... Eu tinha muito crush nela e muito crush no Bernardo. O Bernardo me dava mole, mas eu achava que era muita areia pro meu caminhãozinho. E eu não conseguia dar conta. Tal como foi com o Ian em 2000 e uns anos depois do Desfazendo.” (Caia Maria Coelho, Acervos Transcestrais, 2024)
Autoria
Desconhecido. “Desconhecido, também.” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Identidade e Subjetivação
Descrição Intrínseca
Fotografia horizontal. Um grupo de sete pessoas trans jovens posa para foto. Todas elas sorriem. A primeira é Taya Carneiro, de cabelos castanhos escuros no ombro e óculos, de saia branca e blusa vermelha, a segunda é Maria Léo Araruna, de blusa preta estampada e calça estampada com detalhes brancos e pretos. A terceira é Leandrinha Du Art, em cima de uma cadeira de rodas, com calça branca estampada em cores, camiseta rosa, phone de ouvido e cabelos rosa e verde. A quarta é Amara Moira em vestido preto e branco. Há mais três pessoas além delas, um jovem em polo vinho, uma travesti em cabelos black e blusa estampada e uma jovem em calça estampada e blusa azul marinho, cabelos ondulados.
Dimensões
1.440 x 1.046 pixels
Material
Digital
Origem
Universidade Federal da Paraíba (UFPB) Campus Campina Grande
Procedência
Brasília/DF
Tipo de Aquisição
Doação
Pessoa ex-proprietária
Maria Léo Araruna
Data de Aquisição
janeiro 1, 2025
Estado de Conservação
Bom
Classificação Etária
Maiores de 18 anos
Informações Contextuais
Descrição Extrínseca
“Nossa, nesse período eu fiquei alucinadamente com uma paixão platônica assim pela Taya. Nunca fui tão sapatão na minha vida. Só que a Taya dizia “Não, eu tenho namorada.” E eu dizia, “Quem é essa filha da puta? Quem é essa?” E aí era a Lua, né? Depois eu vim a conhecer a Lua e me apaixonei igualmente pela Lua também. Mas aí a Taya já tava em Londres. Então foram vários encontros. E acabou que a gente nunca ficou. Mas foi realmente nesse congresso que eu conheci a Taya pessoalmente, né? Eu já a conhecia da internet, dos Diálogos Transfeministas. Eu conhecia a Maria Leo, eu conhecia a Taya e o Bernardo Mota, que também está na foto. Na verdade, eu conhecia todo mundo nessa foto, né? A Taya, a Maria Leo, a Leandrinha Duarte, a Mara Moira, o Bernardo Mota, a Magô Tonhão e a Maria Medeiros. [...] Todo mundo [era trans]. E a gente ficou muito próximo nesse Desfazendo. Eu decidi sair de casa pro Desfazendo de uma hora pra outra e eu não sabia quem ia estar lá. Tipo assim, eu estava dormindo. Eu estava dormindo e eu acordei no pulo, joguei três roupas na mala e peguei o primeiro ônibus pra Campina Grande. E aí eu comecei a mandar mensagem do ônibus. “Você está em Campina Grande? Você está em Campina Grande?” Porque o Desfazendo era um importante lugar assim de encontro das Transfeministas Brasileiras, né Ian? Ian também experimentou isso no Desfazendo de Recife, inclusive. [...] Foi [2017]. E aí eu saí de lá completamente apaixonada por essas pessoas, assim. Sobretudo por... A Mara eu já conheci pessoalmente, Magô também e Maria. As outras pessoas, não. A Taya, especificamente, eu conheci na internet, mas a gente não tinha muito diálogo. E a gente se aproximou muito lá, a gente ficava andando de cima pra baixo. Então foi nesse momento que a Taya falou “Vamos combinar, né, amiga, que a gente tem o mesmo nome.” Porque olhávamos as duas. Eu lembro que teve um after de um... de um dos dias, assim, um cultural do Desfazendo, que era assim que saía da universidade, você já tinha festa. A gente... A gente dançando e falando como era erótica. Primeiro a gente fazendo corre de padê, assim, fazendo corre de pó pra cheirar nessa festa. Eu lembro de... E eu lembro, amiga, eu consegui! E eu entregando pra ela pra gente cheirar junta. E aí foi quando eu pedi o beijo a ela, ela falou, “Desculpa, eu namoro.”. E aí... Eu lembro da gente dançando Cassiane, 500 Graus de Puro Fogo e Santo Poder, porque nessa chuva eu quero sair molhada. É... Essa festa foi um dia que eu tava muito feliz. E eu lembro especialmente... Eu tinha muito crush nela e muito crush no Bernardo. O Bernardo me dava mole, mas eu achava que era muita areia pro meu caminhãozinho. E eu não conseguia dar conta. Tal como foi com o Ian em 2000 e uns anos depois do Desfazendo. [...] E aí... É... Eu lembro que a gente... A gente tava no evento acadêmico, né? A gente tinha muito tesão em discutir transfeminismo, muito tesão em discutir gênero e sexualidade, mas aquele encontro foi tão... Magnético, assim. É... Que eu sentia que eu estava conhecendo pessoas que eu jamais seria capaz de abrir mão. Né? Pessoas que se tornaram depois da minha família. Eu estou vindo passar Natal com a Maria Leo pela primeira vez. Acho que isso consagra um pouco desse relacionamento quase familiar que a gente tem. É... E que a Taya também fazia parte, embora a gente tivesse muitos desencontros. Porque quando eu estava em Brasília, ela estava em Londres. Quando ela voltava para Brasília, era pandemia. Enfim, a gente teve muitos desencontros no percurso. Mas a Taya é uma pessoa que eu amei muito. E que eu acho que, no Desfazer Gênero, isso estava muito representado no momento que a gente estava tendo palestra de grandes nomes que a gente gostava, né? Que eram importantes para a nossa formação. Larissa Pelúcio, Berenice Mendes, toda essa galera. Mas a gente sentava do lado de fora e ficava conversando, sabe? Porque aquelas conversas, por mais que a primeira vista pudesse parecer pessoais, ou só uma fofoca de amiga, de pessoas que estamos conhecendo, tipo, o que é que você faz da vida, o que é que você pesquisa, e os boys, e a namorada, sabe? Por mais que pareça isso, para mim, representava um aprendizado ainda maior que eu poderia ter em qualquer daquelas salas. Então, eu conheci a Taya, teve essas duas dimensões, assim. Era uma dimensão muito afetiva para o lugar do crush, para o lugar daquela pessoa muito legal que você está conhecendo. E eu lembro de ir embora no ônibus, chorando, e mandando mensagens para todo mundo no Facebook, dizendo “Eu amei conhecer vocês, não saia da minha vida.” Porque eu sai daí para gravar um curta com Ana Vingativa, eu não podia perder a oportunidade também. Eu sou a maior das travequeiras, né? Eu adoro travestir. Eu sou a pior das travequeiras. Onde tem uma travesti, eu quero estar. [...] E aí foi isso. Foi esse encontro muito magnético de uma pessoa que eu amo demais, sempre vou amar, e que as conversas mais pessoais eram conversas de grande aprendizado. Então, esse lugar, que foi a 410, por exemplo, que eu falei antes, que a Taya de cuidado, que a Taya fomentou, que a Taya estava lá para a gente, fomentando esse lugar de cuidado, foi um cuidado que perpassou a morte dela e passou a... e passou... e continuou aqui para cuidar da gente quando ela se foi. Eu acho que esse talvez seja o maior legado das pessoas trans e travestis, né? Esse lugar do cuidado, desse cuidado genuíno que a gente tem. E eu acho que essa foto representa isso, né? São pessoas que eu amo muito. A Gordíssima Trindade, que eu acho que foi a foto que a Taya tirou, inclusive. Sabe? Tem uma foto de eu, porque teve uma palestra que eu tava, estava eu, a [Hailey] e a Magô. E aí tinha saído uma polêmica da putíssima Trindade, né? A putíssima Trindade, que era [Monique Prada], [Amara Moira] e [Liana Ara], que tinha sido censurada pela TPM porque ia dar muita polêmica e tal. E aí a Mara contou isso para a gente e a gente fez uma foto da Gordíssima Trindade, que era uma foto minha, da Magô e da [Hailey]. E a gente teve essa ideia também, porque um dia a gente tava assistindo a palestra e a Letícia Carolina, que tava bem no iniciozinho da transição dela, virou pra gente e perguntou, “Vocês são travestis?” E aí, a gente, “Sim.” E ela “Nossa, eu nunca vi uma travesti gorda.” [...] E aí, foi assim que eu conheci a Letícia Carolina e, nesse dia, a gente decidiu tirar uma foto. E quem tirou a nossa foto foi a Taya. E essa foto também é um lugar que eu guardo com muito carinho no meu coração da Taya. Porque, embora eu não tenha conseguido encontrar nenhuma foto com a Taya, eu encontrei uma foto que foi tirada pela visão da Taya. Então, é como se a visão da Taya estivesse em algum lugar comigo também, guardada no fundo do meu coração. É isso.” (Caia Maria Coelho, Acervos Transcestrais, 2024)
“Não, eu só queria complementar que eu e a Taya e o Bernardo, a gente foi pro Desfazendo Gênero, porque a gente fez uma pesquisa, nós três juntos, sobre empregabilidade trans. E aí a gente... Dessa pesquisa surgiram alguns artigos. E aí a gente tava levando pra lá essa pesquisa, pra mostrar pras pessoas, né? Mas aí o título pode ser... Me ajuda aí, amiga. Qual o título?” (Maria Leo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Período
10 à 13 de outubro 2017
Referências Bibliográficas
Pesquisas e trabalhos apresentados no evento. Música da Cassiane.
Exposições
Não
Publicações
Redes Sociais (todas as pessoas na foto)
Restauro
Não
Pesquisas
Pesquisa realizada pelo Museu Transgênero de História e Arte - Mutha para a construção das coleções pertencentes ao eixo temático Acervos Transcestrais, contemplada por meio do edital Funarte Retomada Ações Continuadas - Espaços Artísticos 2023.
Autorização de Uso
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Registrado por
Beatriz Falleiros | Ian Habib | Mayara Lacal
Data de Registro
fevereiro 27, 2025