Identificação e Características do Objeto
Miniatura

Acervo
Acervos Transcestrais
Número de Tombo
126
Número de Registro
MUTHA.AH.AD.AT.TC.2024.0126
Objeto
Fotografia digital
Título
Visibilidade Trans e o surgimento da ULTRA
Autoria
Desconhecida
Identidade e Subjetivação
Descrição Intrínseca
“Esse dia foi um dia muito importante porque, além de ser uma comemoração da visibilidade trans, essa comemoração estava acontecendo no CREAS da Diversidade, que é o CREAS aqui de Brasília, que atende as minorias, que atende a população LGBT, e sempre foi um espaço muito acolhedor para as questões trans e pra comunidade LGBT como um todo. E aí tava tendo esse dia da visibilidade lá para comemorar nossa existência e estava cheio de pessoas trans, e foi quando a gente fez esse mural, esse muro que tá aí atrás. Ah, eu acho que como referência bibliográfica, pode até colocar o grupo TransCrew, que é um grupo de pessoas trans que fazem grafite. Se chama TransCrew [...] E não só eles tavam ali fazendo esses grafites no muro, que foi permitido, mas todo mundo poderia deixar registros, né? E foi um momento muito bonito entre nós pessoas trans. E também foi o dia em que a Taya falou para mim e para diversas outras amigas nossas que tavam ali, [Honey], a [Wanda], deixa eu ver quem mais que estava ali, [Ana Tully] também, o nome da organização que ela tava criando junto com a gente, mas que tinha surgido a partir de uma ideia dela. E aí ela falou que pensou num nome que o nome poderia ser ULTRA. E ela queria criar uma organização que fosse só de pessoas trans, para focar nos direitos é… E no acesso aos serviços de pessoas trans, e que fosse uma organização da sociedade civil, sem fins lucrativos, mas que a gente pudesse recolher financiamento e tudo para criar determinados projetos, e tudo voltados para pessoas trans. E ela já tinha, alguns meses atrás, me falado essa ideia, porque o que a gente tinha até então era a coletiva Corpolítica, e nessa coletiva a gente não era uma organização da sociedade civil, era mais uma coletiva mais independente mesmo, a gente fazia trabalhos mais em rua, eu até acho que já cheguei a comentar um pouco aqui sobre a Corpolítica [...] E tinha muitas atividades culturais também, atividades de… De conscientização da comunidade sobre as identidades, sobre é, os nossos direitos, as nossas demandas, e… Terminologias, conceitos, e tudo isso misturado com as nossas vivências. Então era mais nesse formato, a Corpolítica. E ela queria fazer algo voltado para pessoas trans, que tivesse uma outra pegada mais institucional, com maior diálogo, com poder público e tudo. E aí ela deu o nome de ULTRA. E quando ela me falou sobre essa vontade dela de fazer uma organização voltada para pessoas trans, eu fiquei um pouco reticente, fiquei um pouco receosa, na verdade. Fiquei um pouco receosa porque eu tinha medo da Corpolítica acabar se extinguindo, acabar se esvaziando, acabar é… Perdendo força, por conta que muitas pessoas trans que estariam na Corpolítica acabassem indo para ULTRA e dividissem a atenção. Eu tinha um pouco esse temor, porque a Corpolítica tinha sido uma ideia minha junto com outras amigas, outras amigas cisgêneras, inclusive. E a nossa ideia era para ser um coletivo interseccional em que acolhesse diversas identidades, e o mote dele seria essa pluralidade mesmo de corpos, de identidade. E aí quando ela falou que tinha essa vontade de fazer algo mais voltado para pessoas trans, eu fiquei um pouco receosa assim com isso, mas logo depois eu acolhi a ideia e acreditei na ideia. E esse dia da visibilidade trans foi quando ela veio com o nome ULTRA e eu e as nossas outras amigas que estavam ali começando a integrar esse novo projeto que surgiu de ideia dela, nós achamos ótimo esse nome, achamos super forte e significa União Libertária de Travestis e Transsexuais. [...] A Corpolítica não existe mais, ela deixou de existir depois de uns anos e não foi por causa da ULTRA. E a ULTRA ainda existe e há um projeto, inclusive encabeçado pela [Ana Tully], que é uma travesti que compõe a ULTRA até hoje. Eu saí da ULTRA por causa de questões de conciliação de agenda mesmo, de projetos que eu tinha paralelo, mas a ULTRA ainda existe e fez alguns projetos muito importantes, inclusive na pandemia, conseguiu financiamento para realizar projetos de bolsa de ajuda financeira a travestis aqui do Brasil, especialmente de Brasília. E a [Ana Tully] tem um projeto, inclusive já conversou com a mãe da Taya e a mãe da Taya aprovou de mudar o nome da ULTRA pra a organização Taya Carneiro, se não me engano, mas colocar o nome da Taya como o nome da organização. [...] De travestis e transexuais e hoje em dia não é voltada só para mulheres trans, né? Que tinha mais esse foco, hoje em dia é voltado para todas as pessoas trans, então homens trans, pessoas trans masculinas e não binárias também. [...] Foi um dia importante porque a Taya tava muito feliz ali, ela tava muito engajada, muito sonhadora de poder ta com várias pessoas trans, a gente estava se sentindo muito forte, muito potente, muito esperançosa de poder estar deixando registrado no muro a nossa marca e estar iniciando um novo projeto e com novas vontades. Então acho que foi um dia muito importante assim, para a gente.” (Maria Léo Araruna, Acervos Transcestrais, 2024)
Dimensões
1.440 x 1.080 pixels
Material
Digital
Origem
Brasília, DF
Procedência
Brasília, DF
Tipo de Aquisição
Doação
Pessoa ex-proprietária
Maria Léo Araruna
Data de Aquisição
janeiro 1, 2025
Estado de Conservação
Bom
Classificação Etária
Livre
Informações Contextuais
Descrição Extrínseca
Fotografia horizontal. Um grupo de 27 pessoas posa para foto em frente ao muro com a bandeira trans e o escrito “A revolução começa com a loucura de ser você mesmo.”. Taya Carneiro é a décima pessoa da esquerda para a direita e veste calça preta e blusa social preta sem manga, tem cabelos lisos castanhos claros e esboça um sorriso.
Período
provavelmente 2017
Referências Bibliográficas
Grupo Transcrew, Corpolítica, União Libertária de Travestis e Transexuais - ULTRA, CREAS da Diversidade.
Publicações
Redes Socias (Instagram e Facebook) - Maria Léo Araruna, Taya Carneiro.
Pesquisas
Pesquisa realizada pelo Museu Transgênero de História e Arte - Mutha para a construção das coleções pertencentes ao eixo temático Acervos Transcestrais, contemplada por meio do edital Funarte Retomada Ações Continuadas - Espaços Artísticos 2023.
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Registrado por
Ian Habib | Mayara Lacal | Beatriz Falleiros
Data de Registro
fevereiro 27, 2025
Anexos
-
MUTHA.AH.AD.AT.TC.2024 (6)